Resenha: Capitães da Areia, de Jorge Amado

Capitães da AreiaTítulo: Capitães da Areia
Autor (a): Jorge Amado
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 283
ISBN: 9788535911695
Classificação: 


Desde o seu lançamento, em 1937, Capitães da Areia causou escândalo: inúmeros exemplares do livro foram queimados em praça pública, por determinação do Estado Novo. Ao longo de sete décadas a narrativa não perdeu viço nem atualidade, pelo contrário: a vida urbana dos meninos pobres e infratores ganhou contornos trágicos e urgentes. Várias gerações de brasileiros sofreram o impacto e a sedução desses meninos que moram num trapiche abandonado no areal do cais de Salvador, vivendo à margem das convenções sociais. Verdadeiro romance de formação, o livro nos torna íntimos de suas pequenas criaturas, cada uma delas com suas carências e suas ambições: do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca. Com a força envolvente da sua prosa, Jorge Amado nos aproxima desses garotos e nos contagia com seu intenso desejo de liberdade.
Desde o seu lançamento, em 1937, Capitães da Areia causou bastante escândalo: inúmeros exemplares do livro foram queimados em praça pública, por determinação do Estado Novo. Ao longo de sete décadas a narrativa não perdeu viço nem atualidade, pelo contrário: a vida urbana dos meninos pobres e infratores ganhou contornos trágicos e urgentes.

Capitães da areia narra a emocionante história de um grupo de meninos de rua que levam vida de adulto, passam suas noites em um trapiche, roubam para sobreviver e são conhecidos por toda a cidade de Salvador como perigosos e delinquentes. O líder do grupo Capitães da Areia é Pedro Bala, e os outros personagens mais conhecidos são Sem Pernas, Professor, Gato, Volta Seca, Pirulito, Boa vida e Dora – única garota do grupo. Eles, junto com os demais, são vítimas da própria sociedade que os cerca – ou melhor, que nos cerca. Crianças órfãs, brancas, negras,  mulatas, as quais, a maioria, nunca recebeu um amor de um pai e de uma mãe. São crianças que foram deixadas a mercê numa sociedade tão cruel. E aprenderam cedo que o mundo não as quer de braços abertos. O mundo não os quer de forma alguma.

Cada um dos capitães da areia busca refúgio e conforto em uma das suas peculiaridades que também lhe dá nome: Professor, busca refúgio nos seus livros e desenhos; Gato, no amor das prostitutas e na elegância; Volta Seca, no cangaço, no ideal do sertão e na figura de seu padrim Lampião; Pirulito na religiosidade e no amor de Deus; Sem Pernas, acaba acumulando em si um ódio por nunca ter sido amado.

Um fator interessante é que o livro não segue aquela estrutura que vemos na maior parte dos livros atuais, como: “tá tudo ótimo -> depois acontece algo que perturba a “paz” do personagem e que muda o rumo da narrativa ->todos vivem felizes para sempre”. A obra nos leva a acompanhar a vida das personagens, pelo fato de retratar o cotidiano dos garotos. Esse fato é o que torna mais complicado o trabalho transmitir toda a grandeza dessa obra em meras palavras.

A história narrada além de ser poética e romântica, é uma denúncia social. Não só o abandono é o foco da problematização, como também a desigualdade social, o estupro, a falta de condições básicas, enfim, como dito anteriormente, o livro retrata a verdadeira realidade social do Brasil do século XX, a qual ainda é presente no século XXI.

Capitães da Areia é uma obra singular e entrou não só para os meus favoritos do ano, mas para a minha lista de favorito da vida. Surpreendi-me com a escrita de Jorge Amado e já quero ler outras obras dele. Esse livro é daqueles que fica martelando sempre na sua cabeça e que lhe conquista por inteiro(a). Super recomendo!

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